Reverberações...
Menin@s e des@vis@d@s internautas que por ventura aqui possam sitiar, ou navegar, como queiram....
Nesse mês festivo e em Julho, embalado por quentões e rojões, utilizarei este quinhão virtual para citar, e quiçá, provocar algumas reflexões sobre alguns mestres e leituras, que se pretende para além de diagonais, como diria Cysneiros.
Começaremos pelo mestre Darcy Ribeiro em O Povo Brasileiro, na sua última publicação, onde, de forma emocionante ele nos diz logo no prefácio:
[...] Hoje o retomo pela terceira vez, isto se só conto aquela primeira vez em que o escrevi e completei, e a segunda em o reescrevi todo, inteiro, esquecendo as inumeráveis retomadas episódicas e inconsequentes.[...]
[...] Ultimamente esta angústia se aguçou por que me vi na iminência de morrer sem concluí-lo. Fugi do hospital, aqui para Maricá, para viver e também para escrevê-lo.[...]
Mas adiante, o professor Darcy constata e nos provoca visceralmente, mas, contudo sem perder, nem em seu leito derradeiro, sua fé inabalável no destino dessa imensa e complexa nação...
[...]No Brasil de índios e negros a obra colonial de Portugal foi também radical. Seu produto verdadeiro não foram os ouros afanosamente buscados e achados, nem as mercadorias produzidas e exportadas. Nem mesmo o que tantas riquezas permitiram erguer no Velho Mundo. Seu produto real foi um povo-nação, aqui plasmado principalmente pela mestiçagem, que se multiplica prodigiosamente com uma morena humanidade em flor à espera do seu destino. Claro destino, singelo, de simplesmente ser, entre os povos, e de existir para si mesmos.
Nada é mais continuado, tampouco é tão permanente, ao longo desses cinco séculos, de que essa classe dirigente exógena e infiel a seu povo. No afã de gastar gentes e matas, bichos e coisas para lucrar, acabam com as florestas mais portentosas da terra. Desmontam morrarias incomensuráveis, na busca de minerais. Erodem e arrasam terras sem conta. Gastam gente aos milhões.
Tudo nos séculos transformou-se incessantemente. Só ela, a classe dirigente, permaneceu igual a si mesma, exercendo sua interminável hegemonia. Senhorios velhos se sucedem em senhorios novos, super-homogêneos e solidários entre si, numa férrea união superarmada e a tudo predisposta para manter o povo gemendo e produzindo. Não o que querem e precisam, mas o que lhes mandam produzir, na forma que inpõem, indiferentes a seu destino.
Não alcançam aqui, nem mesmo a façanha menor de gerar uma prosperidade generalizada à massa trabalhadora, tal como se conseguiu, sob os mesmos regimes, em outras áreas. Menos êxito teve, ainda, em seus esforços por integrar-se na civilização industrial. Hoje seu desígnio é forçar-nos à marginalidade na civilização que está emergindo.[...]
Salve! mestre Darcy Ribeiro, por sua análise antropológica lúcida e aberta, que nos permite compreender esse nosso Brasil contemporâneo, apesar dos estafetas globais das mega-corporações que hoje constituem-se, salvo raríssimas excepções, a nossa classe dirigente.
Nesse mês festivo e em Julho, embalado por quentões e rojões, utilizarei este quinhão virtual para citar, e quiçá, provocar algumas reflexões sobre alguns mestres e leituras, que se pretende para além de diagonais, como diria Cysneiros.
Começaremos pelo mestre Darcy Ribeiro em O Povo Brasileiro, na sua última publicação, onde, de forma emocionante ele nos diz logo no prefácio:
[...] Hoje o retomo pela terceira vez, isto se só conto aquela primeira vez em que o escrevi e completei, e a segunda em o reescrevi todo, inteiro, esquecendo as inumeráveis retomadas episódicas e inconsequentes.[...]
[...] Ultimamente esta angústia se aguçou por que me vi na iminência de morrer sem concluí-lo. Fugi do hospital, aqui para Maricá, para viver e também para escrevê-lo.[...]
Mas adiante, o professor Darcy constata e nos provoca visceralmente, mas, contudo sem perder, nem em seu leito derradeiro, sua fé inabalável no destino dessa imensa e complexa nação...
[...]No Brasil de índios e negros a obra colonial de Portugal foi também radical. Seu produto verdadeiro não foram os ouros afanosamente buscados e achados, nem as mercadorias produzidas e exportadas. Nem mesmo o que tantas riquezas permitiram erguer no Velho Mundo. Seu produto real foi um povo-nação, aqui plasmado principalmente pela mestiçagem, que se multiplica prodigiosamente com uma morena humanidade em flor à espera do seu destino. Claro destino, singelo, de simplesmente ser, entre os povos, e de existir para si mesmos.
Nada é mais continuado, tampouco é tão permanente, ao longo desses cinco séculos, de que essa classe dirigente exógena e infiel a seu povo. No afã de gastar gentes e matas, bichos e coisas para lucrar, acabam com as florestas mais portentosas da terra. Desmontam morrarias incomensuráveis, na busca de minerais. Erodem e arrasam terras sem conta. Gastam gente aos milhões.
Tudo nos séculos transformou-se incessantemente. Só ela, a classe dirigente, permaneceu igual a si mesma, exercendo sua interminável hegemonia. Senhorios velhos se sucedem em senhorios novos, super-homogêneos e solidários entre si, numa férrea união superarmada e a tudo predisposta para manter o povo gemendo e produzindo. Não o que querem e precisam, mas o que lhes mandam produzir, na forma que inpõem, indiferentes a seu destino.
Não alcançam aqui, nem mesmo a façanha menor de gerar uma prosperidade generalizada à massa trabalhadora, tal como se conseguiu, sob os mesmos regimes, em outras áreas. Menos êxito teve, ainda, em seus esforços por integrar-se na civilização industrial. Hoje seu desígnio é forçar-nos à marginalidade na civilização que está emergindo.[...]
Salve! mestre Darcy Ribeiro, por sua análise antropológica lúcida e aberta, que nos permite compreender esse nosso Brasil contemporâneo, apesar dos estafetas globais das mega-corporações que hoje constituem-se, salvo raríssimas excepções, a nossa classe dirigente.
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